FLORIANO BEZERRA DE ARAÚJO, natural de Afonso Bezerra-RN, no dia
22 de dezembro de 1937, filho de Venâncio Zacarias de Araújo e de Querubina
Bezerra de Araújo
RN AQUI
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
FLORIANO BEZERRA DE ARAÚJO
Quero, inicialmente, manifestar o prazer e a honra
de apresentar ao leitor Floriano Bezerra de Araújo e sua importância para a
História Política de Macau, do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Floriano Bezerra de Araújo é um homem de uma família
simples, de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte. Nasceu em
Assu, foi naturalizado em Afonso Bezerra, tendo feito toda a sua trajetória
política em Macau. Seus gestos e suas lutas ganham força, quando analisados no
contexto em que ocorreram, bem como, o modo, o teor de suas reivindicações e os
atores com os quais ele se juntou para conduzir a mobilização por direitos
sociais e políticos.
O ex-sindicalista e ex-deputado teve, ainda, na trajetória
de sua família [pai e irmãos] a marca da migração para a Amazônia brasileira
ocorrida nos anos 1940 e 1950 em busca de trabalho e melhores condições de vida
[como diz a historiografia, os Soldados da Borracha!]. Após o retorno a Macau,
seu pai, liderança política destacada na região, pioneiro na organização dos
trabalhadores tornou-se prefeito da cidade e ganhou respeito e admiração da
população.
Hannah Arendt, filósofa alemã, disse que os homens, ao
agirem, mudam o mundo e mudam a si. Eis, pois, o que fez o ex-sindicalista e
ex-deputado, ao contribuir para que os salineiros se organizassem e lutassem
por seus direitos trabalhistas em Macau. Isso mudou a história de sua cidade e
de seus estado, transformando a aparente vida pacata em um cenário de luta. Sua
vida, também, aparentemente pacata, configurou-se em um personagem importante
para os trabalhadores e para o Estado Militar Autoritário Brasileiro, nos Anos
de Chumbo.
Macau, pela importância econômica à época, tinha um
expressivo número de trabalhadores nas salinas, chegando a influenciar em toda
região salineira [Areia Branca, Grossos, por exemplo]; era uma cidade onde
giravam volumes expressivos de recursos; um lugar privilegiado que possuía
escola voltada, especificamente, para ensinar os filhos dos trabalhadores da
produção de sal; uma comunidade que tinha seus estabelecimentos comerciais como
referência, na região. Tudo isso tornava a Macau um ambiente propício ao debate
político e o cenário em que surgiu a liderança do ex-sindicalista e
ex-deputado. Floriano Bezerra de Araújo, ao organizar os trabalhadores e
lutar por direitos, chamava a atenção para os problemas econômicos, políticos e
sociais da sociedade; despertava os trabalhadores para a força que a categoria
adquire, quando junta; despertava também as comunidades vizinhas para a
possibilidade de que aqueles que lutam, conquistam direitos, dava visibilidade
aos problemas da região e dos trabalhadores. Este percurso e esta atuação
fizeram do protagonista, liderança sindical e filho de homem humilde e também
liderança política, Venâncio Zacarias de Araújo, uma ameaça à ordem
estabelecida. A experiência adquirida no movimento sindical o tornou referência
na região e o fez assumir uma vaga em uma das instâncias mais expressivas de
poder, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Lá, em outro patamar, o
ex-deputado representava seus pares, os trabalhadores, no entanto, teve seu
mandato interrompido pela repressão. Esta trajetória política, de sindicalista
a deputado é uma página obrigatória na história do sindicalismo do Estado e do
País. Sua vivencia em fóruns nacionais de trabalhadores, destacadamente no Rio
de Janeiro, bem como o intercâmbio como outras lideranças de expressão nacional
o fez ocupar papel destacado da representação política no estado.
Sendo assim, falar do sindicalismo dos anos 1960 em Macau,
no Rio Grande do Norte, bem como da Assembléia Legislativa do Estado é
construir uma página especial na História Política do Brasil e o registro da
passagem de um dos principais protagonistas dessa trama que é Floriano Bezerra
de Araújo. Diante do exposto, convido o leitor a saborear esta narrativa e com
ela [re]ler, [re]conhecer, [re]contar a História do País à luz do que nos
ensinou Maurice Halbachws a memória individual como fragmento da memória
coletiva, a trajetória de Floriano Bezerra se confundindo com a trajetória dos
sindicalistas. Ou, como o fez Michel Pollak que definiu a memória subterrânea
como sendo aquela que, sem situações de repressão, não pode ocupar os espaços
públicos como fora o período dos governos militares no Brasil. A memória
subterrânea não significa que ela não existiu, muito pelo contrário, aflora e
manifesta com lágrimas e alegrias o que somente o narrador é capaz de imprimir
[Walter Benjamim].
Com a palavra, o ex-sindicalista, ex-deputado e
protagonista de um momento particular e importantíssimo na História do País, do
Rio Grande do Norte e de Macau, Floriano Bezerra de Araújo…”
As memórias de um brasileiro altivo:
Floriano Bezerra
“Minhas tamataranas: linhas amarelas –
Memórias”
Na vida, a gente perde, a gente ganha. O tempo, este amigo
e inimigo é cruel. Quando vê, já passou. Ficam as recordações: boas e más. E
desde sempre, o homem considera que o antes era bem melhor. Escrever
sobre memórias não é fácil. É primeira pessoa nua e crua. Eu fico nú ou não
escrevo “o que preste”. Floriano Bezerra decidiu ficar nú e nos brindou com
“Minhas Tamataranas: linhas amarelas – Memórias”, um livro de quem sabe contar
histórias, carregado de ternura e sem ódios. E olha que Floriano teve todos os
motivos do mundo para conservar ódios. O livro, dividido em vinte e sete
capítulos, narra suas memórias desde o quatro anos de idade – como ele mesmo
diz – é a partir daí que se lembra das coisas, até seus recentes embates
políticos. As narrativas das suas lembranças do sertão, nos idos de
30 são magistrais. Nos deixa cara a cara com os cheiros de mofumbos,
xiquexiques, macambiras e o canto das águas, dos nambus, das corujas e da
cruviana fria, gelada. Depois em Macau, num trabalho que era o sonho de
muitos meninos ainda pequenos: botando água de calão. “Dava moral”. Era
demonstração de força e poder. A iniciação sexual narrada sem biombos e
meandros. Direto, como sempre foi sua trajetória. Na sequência, o
que esteve sempre latente na sua vida: a luta contra as desigualdades sociais.
A narrativa sempre precisa de seus embates sindicais, a lembrança dos
companheiros de luta, dos amigos, dos adversários, enfim, daqueles que ele
considerou significativos. Na vida, a gente perde, a gente ganha. Uns
escolhem lutar para si mesmo. Outros escolhem lutar pelo coletivo. Floriano
Bezerra escolheu o caminho da luta pelo coletivo e assim pautou sua vida. E é
isso que ele registrou nesse livro de memórias. Ele é um daqueles milhares de
nordestinos que não se conformaram com a opressão da classe dominante —
representado pelas oligarquias locais — que determinaram manter o nordeste
brasileiro como um depósito de mão-de-obra barata e disponível para
as necessidades do exército de reserva do capitalismo. Contra a opressão e
por um país livre, muitos pagaram com a vida, como o patriota Luiz Maranhão,
Edson Quaresma e Emanuel Bezerra, dentre outros bravos potiguares. Mas alguns
sobreviveram às torturas, às humilhações e às incompreensões, como Floriano
Bezerra, Mery Medeiros e tantos outros e hoje podem contar a história. Não a
história manipulada e falsificada pela ditadura. Não aquela que ainda hoje,
reconhecidos torturadores e colunistas dedos-duros que vivem das sobras das
mesas burguesas, ainda publicam nos jornais. “Minhas tamataranas: linhas amarelas – Memórias”, não deixam
margem para dúvidas, especulações ou interrogações. É um livro sem véus, como o
autor.
Claudio Guerra, dezembro de 2009
FONTE – BLOG O BAU DE MACAU
FLORIANO BEZERRA DE ARAÚJO
Esse é o Floriano Bezerra de Araújo de tantas e tão variadas
lutas. A DHnet presta um fabuloso serviço à causa da memória das lutas sociais
do Rio Grande do Norte ao tornar acessível esse material único, reunindo
memórias de um dos principais protagonistas de nossa história recente, mas que
na verdade remonta a meados do século XX. Material feito de história viva,
pulsante, palpitante. Floriano nos mostra que inúmeras vezes dignidade humana
que deveria estar conosco desde o momento mesmo do nascimento, termina sendo
algo por conquistar, assim como se conquistam todas as demais coisas - um
ofício, uma profissão, diplomas de faculdades. Mas só com o senso entranhado de
dignidade humana é que se conquista um sentido na vida. E a vida de Floriano dá
disso testemunho."
Washington Araújo, Escritor e sobrinho de Floriano
Washington Araújo, Escritor e sobrinho de Floriano
“Ele carrega a hombridade de seu povo. No momento em que escreve
suas memórias, Floriano cita muitos acontecimentos importantes que marcaram a
revolução brasileira”.
Geraldo Queiroz, Jornalista, ex-reitor da UFRN
Geraldo Queiroz, Jornalista, ex-reitor da UFRN
“Floriano é um militante incansável que teve pode contar sua vida
e sua luta através do livro que ele está lançando. Convivi com ele em 1994,
quando fui candidato a governador e ele sempre foi uma pessoa correta”.
Fernando Mineiro, Deputado Estadual
Fernando Mineiro, Deputado Estadual
“Um homem de larga vivência, uma pessoa convencida do seu papel de
cidadão que sempre trilhou sua vida dentro da ética e dos seus ideais
sociológicos”.
Tarcísio Gurgel, Escritor
Tarcísio Gurgel, Escritor
“Floriano Bezerra é a última resistência da política maiúscula do
Rio Grande do Norte”.
Afonso Laurentino, Jornalista
Afonso Laurentino, Jornalista
“Não é por ser meu avô, mas Floriano é o ser humano mais íntegro
que conheço! Um homem dotado de um espírito altruísta, sempre conseqüente nos
seus atos e pensamentos”.
Fábio Henrique Carmo, Neto de Floriano Bezerra
Fábio Henrique Carmo, Neto de Floriano Bezerra
FONTE – SITE VERDADE RN
FLORIANO BEZERRA DE ARAÚJO
PRISÕES, CASSAÇÕES, EXÍLIO, DESAPARECIMENTOS,
INQUÉRITOS E MAIS INQUÉRITOS, esse foi o cenário de um passado recente que
deixou profundas marcas na história do Brasil. Uma é poca de repressão contra
homens e mulheres que lutavam por justiça social.
Floriano
Bezerra é uma dessas figuras que foi vítima do golpe militar que
tomou o país a partir de 1964. O Coletivo Foque foi até a memorável sede da
Liga Artístico-Operária, no centro de Natal, onde bateu um papo de redação com
Floriano, que é membro da Associação Norte-rio-grandense de Anistiados. Durante
o nosso bate-papo, sua memória vai desvelando detalhes da sua resistência à
repressão militar.
Sereno, Floriano
fala dos seus ideais de liberdade e das torturas sofridas nos cárceres da
repressão, quando foi preso pelo exercito, para quem era uma pedra no sapato do
regime ditatorial.
Como foi que
ocorreu a sua prisão?
“Essa história é muito longa, mas eu fiz uma síntes
desse processo que está no meu livro de memórias. Então, no dia 1º de abril, eu
estava aqui em Natal, no exercício do meu mandato de deputado estadual e de da
Federação dos Trabalhadores da Indústria do Estado do Rio Grande do Norte,
quando pelas nove horas da manhã observei tropas nas ruas, aí eu notei que a
coisa estava diferente. A gente já vivia de atalaia. Então, me dirigi ao Grande
Ponto, peguei o primeiro taxi que estava na frente, era de um cidadão de
codinome Tetéu. Aí Expliquei: quero alcançar a cidade de Macau, estamos com um
golpe militar e eu tenho grande responsabilidade na minha terra para com os
trabalhadores e a minha família. Aí o cara se inclinou para desviar do caminho,
eu puxei a camisa dele e falei: rapaz, eu preciso alcançar minha família em
Macau e os trabalhadores, você vai fazer uma coisa dessa? Depois eu soube que ele
era polícia”.
Apesar do
contratempo no taxi, o então deputado Floriano logo chega a Macau e vai para a
Federação dos Trabalhadores da Indústria, da qual é presidente.
“Subi a tribuna e expliquei a situação para os
trabalhadores, para que cada um ficasse atento, vigilante aos acontecimentos. À
noite, peguei o jipe do meu pai, juntei alguns companheiros e fomos nos abrigar
numa latada de casa velha. Lá ficamos nove dias. No dia seguinte à nossa
chegada, um camponês passava na região e ouviu o rádio de pilha que levamos.
Chegou assim e perguntou: [o que vocês estão fazendo aqui?] Expliquei a nossa missão ali, ele bateu no
meu ombro e disse: [Seu
Floriano, eu vou trazer alimentação para o senhor e seus companheiros os dias
que passar aqui, e fique tranquilo que não vou dizer a ninguém, eu conheço a
sua história, as suas lutas, e até militamos nas ligas camponesas]. Estava dada a senha”.
“NO OITAVO DIA JÁ TINHA CAÍDO O PRIMEIRO EXERCITO,
QUE COMANDOU O GOLPE COM MOURÃO FILHO. EM SEGUIDA, CAIRAM O QUARTO E O SEGUNDO
EXERCITO. RESTAVA O GENERAL LADARE NO RIO GRANDE DO SUL, QUE RESISTIA AO GOLPE
JUNTAMENTE COM BRIZOLA. ATÉ QUE JANGO FOI LEVADO PARA O URUGUAI, ONDE FICOU
EXILADO ATÉ MORRER. NÓS SABEMOS QUE JANGO FOI ASSASSINADO LÁ, DISFARÇADAMENTE.
DEPOIS DO OITAVO DIA NO ABRIGO VOLTAMOS PARA CASA, AÍ FICAMOS A MERCÊ DOS
ACONTECIMENTOS. NO DIA SEGUINTE RECEBI UMA CARTA, DIZENDO PARA EU ME APRESENTAR
AO TERCEIRO EXERCITO, EM NATAL. ANTES DE VIAJAR, FUI CHAMADO À CAPITANIA DOS
PORTOS PELO CAPITÃO BRUNO, QUE COMANDAVA O GOLPE NA REGIÃO, PARA ASSINAR A
TRANSFERÊNCIA DE SEIS TAREFAS DE TRABALHO DA MINHA CATEGORIA PROFISSIONAL PARA
UMA ASSOCIAÇÃO QUE ELES ENGENDRARAM DE ÚLTIMA HORA PARA DEMOLIR A MINHA
CATEGORIA PROFISSIONAL. FOI AÍ QUE EU LEVANTEI O PUNHO CERRADO E DISSE: CAPITÃO
BRUNO, NÃO TEM EXERCITO, NÃO TEM MARINHA, NÃO TEM AERONÁUTICA QUE PEGUE NESSA
MUNHECA PARA ME FAZER ESSA TRANSFERÊNCIA DAS TAREFAS DE TRABALHO”, DISSE, MESMO DEPOIS DE
TER PASSADO NA ENTRADA ENTRE METRALHADORAS.
15 de abril de
1964. Nesse dia, Floriano foi levado de avião direto para a base aérea. De lá,
foi escoltado para o 16 RI como preso político.
“ Seis soldados, todos de baionetas, me levaram para uma sala onde estava o capitão Lacerda com a sua ira nazista. Pegaram uma cadeira, quando eu me sentei já fui levando chute, mãozada, telefone. Depois, trouxeram uma máquina, encheram minha perna de fios, aí haja choque elétrico. Só saí vivo dessa sessão de tortura. Quando tiraram os fios das minhas pernas me levaram para outra sala e botaram numa banheira seca, outro tipo de tortura, um dos muitos tipos de pau de arara que eles usavam. Era um caixão quadrado, de madeira de lei forte. Me amarraram de pés e mãos nas costas, aí o folego e o ânimo do cidadão começa a desaparecer. Vinha quase morto de uma sessão de tortura, aí entrava noutra. Fizeram isso não sei quantas vezes”.
“ Seis soldados, todos de baionetas, me levaram para uma sala onde estava o capitão Lacerda com a sua ira nazista. Pegaram uma cadeira, quando eu me sentei já fui levando chute, mãozada, telefone. Depois, trouxeram uma máquina, encheram minha perna de fios, aí haja choque elétrico. Só saí vivo dessa sessão de tortura. Quando tiraram os fios das minhas pernas me levaram para outra sala e botaram numa banheira seca, outro tipo de tortura, um dos muitos tipos de pau de arara que eles usavam. Era um caixão quadrado, de madeira de lei forte. Me amarraram de pés e mãos nas costas, aí o folego e o ânimo do cidadão começa a desaparecer. Vinha quase morto de uma sessão de tortura, aí entrava noutra. Fizeram isso não sei quantas vezes”.
Passados seis meses
presos no quartel do 16 RI, em Natal, Floriano foi levado para Fernando de
Noronha, juntamente com Djalma Maranhão e Aldo Tinoco. Lá, já encontraram Luiz
Maranhão Filho preso.
“O capitão apresentou um oficio ao Major e disse: [esses são presos políticos da linha dura, se alguém tentar fugir, fuzila todos]. Aí o tempo fechou. Ficamos presos em Fernando de Noronha até o dia 28 de outubro de 1964. Quando a gente chegou de Fernando de Noronha, liberado por Habeas Corpus, no Recife, tinha um comando militar de 48 homens para nos levar para o quartel do quarto exercito. Botaram eu e Luiz Maranhão numa cela de 2 por 1, os nossos joelhos ficaram batendo um no outro, a gente quase sem poder se mover. Parece que pegaram todos os percevejos que tinha no quarto exercito e jogaram naquela cela. Foi o maior suplício que vocês possam imaginar, com aqueles insetos nocivos que se alimentavam de sangue”.
“O capitão apresentou um oficio ao Major e disse: [esses são presos políticos da linha dura, se alguém tentar fugir, fuzila todos]. Aí o tempo fechou. Ficamos presos em Fernando de Noronha até o dia 28 de outubro de 1964. Quando a gente chegou de Fernando de Noronha, liberado por Habeas Corpus, no Recife, tinha um comando militar de 48 homens para nos levar para o quartel do quarto exercito. Botaram eu e Luiz Maranhão numa cela de 2 por 1, os nossos joelhos ficaram batendo um no outro, a gente quase sem poder se mover. Parece que pegaram todos os percevejos que tinha no quarto exercito e jogaram naquela cela. Foi o maior suplício que vocês possam imaginar, com aqueles insetos nocivos que se alimentavam de sangue”.
Quais as
dificuldades que você sentiu, e deve ter sentido muitas, você foi deputado,
líder de uma grande categoria de trabalhadores, organizador das ligas
camponesas, acontece o golpe, é preso, torturado, cassado, como é essa retomada
na sua vida, com o Brasil ainda num regime ditatorial?
“O golpe decorreu em 1964, depois de passar por esses episódios que já falei, fico lá na minha terra procurando calma, melhorar um pouco de saúde, para procurar emprego. Procurei muito, e nada. A convite de um amigo passei seis meses em Pendências. Nesse mesmo período, chegou um sujeito na região e comprou uma propriedade próxima. Era um espião americano”.
“O golpe decorreu em 1964, depois de passar por esses episódios que já falei, fico lá na minha terra procurando calma, melhorar um pouco de saúde, para procurar emprego. Procurei muito, e nada. A convite de um amigo passei seis meses em Pendências. Nesse mesmo período, chegou um sujeito na região e comprou uma propriedade próxima. Era um espião americano”.
“Depois de seis meses em Pendências, voltei para
Macau, comprei uma drogaria e trabalhamos até 1984. No tempo devido, fechei as
portas da drogararia e a partir daí não trabalhei mais para seu ninguém. Então,
acumulei Previdência Social que banca essa minha capacidade de não baixar a
cabeça para seu ninguém. Eu falo para civil, falo para militar, para quem
precisar, de frente. Quando é preciso levantar o verbo da verdade, é a verdade”.
Mesmo depois de
toda essa tortura física, psicológica, cassação política, fale da disposição e
da importância de se manter a luta por uma sociedade justa e igualitária.
“Em nenhum momento a minha ideologia passou. Ela continuou firme, franca na minha formação, eu sou um ideólogo intangível, irrecuperável, não tem golpe militar do mundo que faça eu mudar o rumo. E eu não acredito nesse sistema que está aí. Não foi por essa democracia que eu lutei. Lutei por uma democracia popular, do povo para o povo, de liberdade na ordem econômica e social, justiça social, igualdade. Lutei por aquela democracia que está acontecendo na China, não por que pensar em mudar, jamais”.
“Em nenhum momento a minha ideologia passou. Ela continuou firme, franca na minha formação, eu sou um ideólogo intangível, irrecuperável, não tem golpe militar do mundo que faça eu mudar o rumo. E eu não acredito nesse sistema que está aí. Não foi por essa democracia que eu lutei. Lutei por uma democracia popular, do povo para o povo, de liberdade na ordem econômica e social, justiça social, igualdade. Lutei por aquela democracia que está acontecendo na China, não por que pensar em mudar, jamais”.
Em dezembro de 2009
Floriano lançou o livro Minhas Tamataranas: Linhas Amarelas (Memórias),
onde faz revelações da sua vida e da sua luta.
FONTE - INTERNET
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Quem sou eu
- Luiz Felipe
- AMO A NOSSA QUERIDA E AMADA TERRA POTIGUAR. PRESTO UMA HOMENAGEM AO MEU AMIGO LUIZ FELIPE, APODI, RIO GRANDE DO NORTE, COLOCANDO SEU NOME NESTE BLOG